segunda-feira, novembro 15, 2010

Sistemas Lineares


Pelo título, é notável que eu rabisquei esse 'poema' por cima da tarefa de matemática.


Sistemas Lineares


Linhas tortas
Torneadas
Linhas de caminhos conflitantes
Linhas esboçadas
Rabiscadas
Determinadas
Linhas que no todo
Nada exprimem
Vagarosas, vagas, viciosas
Lembranças
De um viver
Um torto viver
Viver conflitante
Linhas
Vidas
Tortas.


James do Bonde.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Joãos e Marias



          Quando dizem que somos gente rara, não estão errados: basta olhar em volta. Todas essas pessoas tão sistematizadas, tão mecânicas em tudo o que fazem, nas coisas que gostam, nos discursos que repetem. Vê-se uma massa uniforme de cabeças sendo arrastadas na mesma direção, como quando as ondas do mar devolvem as oferendas encharcadas e disformes à beira da praia - devolvem num grito silencioso, implorando para que parem de insistir em crenças que não trarão resultado.


          Observa-se, atualmente, uma juventude sem personalidade, agindo como uma manada de corpos de rostos apagados, eternamente caminhando rumo a nada; gastando a vida sem se preocupar com o sentido dela. Nós não somos assim, e isso servirá para a “dor do mundo”.


          E quando nossa complexidade é apenas uma desculpa para manter afastadas as pessoas que temos preguiça de questionar? Poucas brigas valem à pena, e em geral são aquelas que começam quando compramos a dor alheia. Inegavelmente, quando nos expomos ou emprestamos nosso nome ao acaso ou ao incerto apenas por comodidade, é o momento no qual nossa privacidade “vaza” e nos tornamos alvo de críticas, sujeitos à avaliação e a julgamentos sem verossimilhança alguma ou, até mesmo, miseráveis.
          Há pessoas que se alimentam de nossas fraquezas e permanecem em constante vigília, atentos aos nossos tropeços, prontos para rir de nossos tombos e apontar um ou o “dedo sujo” para nos acusar quando transparecemos culpa ou pena no olhar. Somos infiéis por natureza, e às vezes por obsessão ante provas concretas e fatos registrados. Não gostamos de estradas muito escuras, nem de sapatos apertados e muito menos de deuses inventados ou invisíveis. Somos descrentes porque optamos pela sanidade e ainda não precisamos apelar à justificativas doentias e mirabolantes para nossos crimes: nós assumimos - nós e todas as pessoas que vivem aqui dentro, usando nossa voz.
          Somos mesquinhos, indisciplinados e verdadeiros ao extremo, contudo, somos admirados e desafiados e a inveja se revela em meio às tentativas falhas de nos humilhar. Ah, o prazer de vencer uma batalha sem sujar as mãos, sem erguer o tom, sem tirar os pés do chão é algo para quem anda de mãos dadas. Saímo-nos bem da situação, certamente sem nenhum arranhão, e até mais fortes depois de conhecer quanta gente pode surgir para nos apoiar, mesmo que ínfima seja essa porção. Somos gratos de fato, e prezamos a gratidão e a justiça bem dita, poder invisível em algumas mãos.

Andros Romontey.

segunda-feira, novembro 01, 2010

Leia-me

Er... eu sempre tive vontade de escrever. Aproveitei que hoje eu tava num daqueles momentos de contorcionismo estomacal (não, não era diarréia) e resolvi, finalmente, lançar a mão no teclado. Vou postar aqui o que escrevi, e eu peço encarecidamente por comentários, porque são eles o combustível desse blog.

Leia-me

Amo-te.

Amo-te pela única razão de te amar. Não porque te idolatro, porque te considero superior, um ser de outro mundo que magicamente surgiu em minha vida. Não te amo porque és linda em qualquer momento, ou mesmo por tuas qualidades, que também não são poucas. Não te amo por serdes supostamente diferente das demais, ou mesmo por serdes incrivelmente mais especial que as demais. Não te amo por essa tua força, bravura e coragem, por esse teu magnetismo poderoso que me puxa fortemente para perto de ti. Não te amo por razões que possam ser expressas nessas palavras ocas e frias pelas quais tento inutilmente compreender a razão de te amar.

Paixão? Paixão é um estupor de sentimentos; paixão é uma dúvida infinda e uma certeza incerta. Paixão é a incompreensão marcada pelo egoísmo de querer; paixão é o querer sem preceder a alguém. Não, não sou apaixonado por ti. Nem vivo por ti. Nem vivo para te amar. Nada disso. Vivo para enfrentar o mar bravio, e contigo ao meu lado, tenho força para enfrentar a pior das tempestades. Por isso, não!, não te quero nem te desejo estúpida ou inconseqüentemente. Que te quero, é verdade; porém meu querer vem após os teus quereres, meu desejo só é completo em ti ao ver-te saciada, ao ver-te completa.

Mas eu te amo; e te amo pela única razão... de te amar. Amo-te a cada vez que vejo tua boca se esticar infinitamente nesse sorriso magnífico. Amo-te ao ver teus olhos, ah!, como eu poderia esquecer-me desses teus olhos?, brilhantes e profundos, em que tento mergulhar numa inútil tentativa de compreensão. Inútil porquanto afogo-me na imensidão da tua alma, e assim acabo mais confuso que entendido de ti. Amo-te nos teus momentos de súbita raiva e incompreensão, quando, num estupor, desligo-me do mundo e aprecio a destruição que ocorre à tua volta... Amo-te por te fazeres ora meu Sol, ora minha Lua, minha escalada e meu vale, minha inequiparável, sublime alegria e minha tristeza mais delicada e pontiaguda. Eu já te amo pela única razão de amar alguém: o amor. Não por sempre te ver comigo, desejando me ajudar, ou por de uma forma ou de outra melhorardes meu dia de maneira graciosa e até surreal. A questão é que não há mais meios ou caminhos de chegar em ti, de pensar em ti - estás toda em mim. Não há mais razão que precisa ser dada ou imposta para pedir licença para te amar. Simplesmente te amo pelo amor em si, quer tu queiras... ou não.

...

Mulher, talvez estas palavras confusas, talvez estas linhas tortas, talvez estes parágrafos nada signifiquem para você. Talvez sejam tudo, ou mesmo nada. Todavia minha intenção ao registrá-las não é convencer-te ou tocar-te o coração, ou quem sabe sondar-te a alma. Sinceramente, a razão pela qual as escrevo nem mesmo é sabida de mim.

Unicamente, porém, só sei isto: que eu te amo. Eu amo você pela única razão de te amar.
-tt



Thiago G.